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Terapia Hormonal

"As células do câncer de próstata necessitam estímulo da testosterona para sustentar seu crescimento. Esse estímulo é captado através de uma proteína na superfície das células do câncer, conhecida como receptor de androgênios".

As células do câncer de próstata necessitam estímulo da testosterona para sustentar seu crescimento. Esse estímulo é captado através de uma proteína na superfície das células do câncer, conhecida como receptor de androgênios.

A terapia do bloqueio do estímulo hormonal pode atuar em três frentes:

  • Diminuindo a produção da testosterona
  • Competindo com a testosterona na sua ligação ao receptor de androgênio
  • Impedindo com que o receptor de androgênio envie uma mensagem ao núcleo da célula estimulando a multiplicação na mesma.

A seguir, descreverei as formas mais frequentes de bloqueio da ação da testosterona.

Orquiectomia bilateral

Representa a remoção cirúrgica de ambos os testículos, a castração cirúrgica. Isso é feito porque é nos testículos que 95% de toda a testosterona circulante é produzida. Os 5% restantes são fabricados nas glândulas supra-renais.

Este método de bloqueio da testosterona vem sendo usado cada vez menos em todo o mundo. Isso se deve ao desenvolvimento de novas medicações que oferecem os mesmos efeitos sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica dessa natureza.

Agonistas do LHRH

Essas medicações têm a capacidade de inibir a produção de testosterona nos testículos. Elas funcionam através de uma inibição do funcionamento adequado da glândula hipófise, que fica no cérebro.

Sua aplicação pode ser através de uma injeção diretamente no músculo ou através de implantes abaixo da pele.

Essas drogas inicialmente estimulam a produção de testosterona de forma transitória. Com a utilização contínua, a cada 3 meses, levam gradativamente à diminuição dos níveis do hormônio, inibindo assim o crescimento das células do câncer. As principais drogas desta categoria são a gosserrelina e a triptorrelina.

Antagonista do LHRH

Essas drogas possuem o mesmo efeito dos agonistas porém com a característica de não levar a um aumento inicial dos níveis de testosterona. Isso pode ser uma vantagem em situações onde o aumento da produção de testosterona poderia levar a um agravamento dos do câncer de próstata em fases avançadas, como quando a do câncer tem risco de comprimir a medula espinhal ou mesmo causar uma retenção urinária aguda. A principal droga nessa categoria é o Degarelix.

Anti-andrógenos

Essa categoria de medicações inclui as drogas que competem com a testosterona no local de sua ligação ao receptor de androgênio na superfície das células do câncer de próstata.

Dessa forma, mesmo que os níveis de testosterona estejam dentro da normalidade as células do câncer de próstata não conseguem se ligar à testosterona.

Estrógenos

Estrógenos são medicações que competem com a testosterona na sua ligação ao receptor e levam à redução da produção de testosterona pelas glândulas supra-renais.

São comumente utilizados quando o bloqueio inicial da produção de testosterona não é suficiente para o controle do crescimento do câncer de próstata.

Inibidores da síntese de testosterona

Essas medicações interferem diretamente na produção da testosterona. Podem agir na glândula supra-renal, nos testículos e na própria produção de testosterona que alguns cânceres de próstata possam apresentar.

São representados nessa categoria as drogas: Cetoconazol e Abiraterona. Esta última é a mais potente e tem a característica de inibir a produção da testosterona nas 3 fontes citadas acima.

Em algumas situações pode ser necessário a utilização combinada de bloqueadores da produção de testosterona juntamente com bloqueadores da sua ligação ao receptor de androgênio. A essa modalidade de tratamento damos o nome de bloqueio androgênico completo.

Esta estratégia de tratamento comumente é utilizada em situações onde o câncer de próstata se apresenta na forma de .

Efeitos colaterais da terapia hormonal

A terapia de bloqueio hormonal pode ter múltiplos efeitos colaterais. O tempo de surgimento e a severidade dos são influenciados por vários fatores, como a sua idade, as condições de saúde associadas, assim como o tempo e que você necessitará da utilização da droga.

Os principais efeitos colaterais estão relacionados à diminuição da libido, piora da capacidade de ereção, assim como indisposição, ganho de peso e alterações da memória.

Outro possível efeito colateral dos bloqueadores de testosterona é o aumento do risco da ocorrência de eventos como: infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.

Dessa forma, é importante o acompanhamento rigoroso por parte da equipe de cardiologia e equipe clínica para rastrear e prevenir a ocorrência de tais efeitos colaterais.

A osteoporose também é um efeito colateral possível em homens que fazem uso por mais de dois anos dos bloqueadores hormonais ou naqueles que já apresentavam osteoporose em grau leve no início do tratamento do câncer de próstata.

O rastreamento da osteoporose é feito através da densitometria óssea.

Outros efeitos colaterais frequentes são a dificuldade de controle dos níveis de glicose, ondas de calor e alterações no humor.

O tratamento desses efeitos adversos é oferecido de acordo com o surgimento dos .

Os efeitos colaterais podem ser permanentes nos casos em que há a necessidade do uso contínuo do bloqueio hormonal.

Podemos citar outros efeitos colaterais como náusea, alteração nos testes de funcionamento do fígado, crescimento anormal e doloroso das mamas e dores musculares.

Medicações mais modernas como a abiraterona, que bloqueiam a produção de testosterona de forma mais intensa, podem levar também ao descontrole da pressão arterial, alteração dos níveis de potássio, retenção de líquidos, fadiga e diarreia. Felizmente todos esses efeitos colaterais podem ser controlados com um rigoroso acompanhamento clínico periódico pela equipe médica.

Outra droga mais moderna, a Enzalutamida, que se liga ao receptor de andrógeno e evita o envio de sinal de multiplicação para o núcleo da célula do câncer de próstata, é um potente bloqueador da atividade da testosterona e também mostrou benefício em aumentar a probabilidade de sobrevivência. Contudo, pode causar convulsões e fadiga. Felizmente a ocorrência desses efeitos é muito rara (menos de 3% dos casos). Nessas situações a droga deve ser interrompida e substituída por outras terapias.

Mas é importante deixar claro que nem todos esses efeitos colaterais listados aqui ocorrem na prática. O mais importante é manter um acompanhamento regular e a equipe médica informada sobre a ocorrência desses .

Caso ocorram, existem múltiplas estratégias de tratamentos alternativos com excelentes resultados de controle do crescimento do câncer de próstata.